O leite materno sacia a fome e impulsiona o viver. É, naturalmente, indispensável nos primeiros momentos da existência. É a base da vida. A recomendação mundial é de que o aleitamento deve ser exclusivo até os 6 meses e complementado com adição de alimentos variados até os 2 anos ou mais.  

“Promover, proteger e apoiar o leite materno. Este é o papel do pediatra, principalmente nos seis primeiros meses de vida do bebê.  A conscientização sobre o tema se inicia na consulta pediátrica durante o pré-natal e se consolida nas consultas regulares de puericultura. A amamentação tem  impacto em todos os sistemas do organismo, tanto que o tema tem sido explorado nas diversas especialidades médicas”, afirma a neonatologista Fabiana Mello, integrante do Grupo Berçar. 

A médica lista a seguir, 31 artigos publicados recentemente que são prova incontestável de que o aleitamento materno é um tema interdisciplinar da mais alta relevância para a saúde integral do indivíduo. Confira: 

  1. Mães adolescentes que não tiveram dificuldade com o aleitamento materno no início da amamentação, apresentam menores escores de depressão aos 6 meses de pois do parto;
  2. Diferenças na composição do leite materno protegem a criança contra o desenvolvimento de doenças alérgicas;
  3. A decisão de amamentar é de responsabilidade exclusiva da mãe. Cabe ao profissional de saúde respeitar e apoiar a decisão materna, bem como informar sobre o valor e a importância do aleitamento materno;
  4. Prematuros alimentados com leite materno apresentam efeito benéfico para a função cardíaca, na idade adulta;
  5. A amamentação exclusiva, por quatro a seis meses, pode reduzir em 33% a incidência e a gravidade de dermatite atópica em crianças com história familiar de alergia;
  6. Ações de apoio à amamentação em situações de emergência ou catástrofes reduzem desnutrição, ocorrência de doenças e mortalidade infantil;
  7. O aleitamento materno é protetor contra obesidade infantil, com efeito dose-resposta;
  8. O aleitamento materno na infância protege contra o desenvolvimento de doenças inflamatórias intestinais, com efeito dose-resposta;
  9. O aleitamento materno pode programar o desenvolvimento de adiposidade na vida adulta;
  10. O uso do leite humano em crianças, após transplante de medula óssea, pode modificar o microbioma e reduzir a incidência de doença do enxerto contra o hospedeiro;
  11. Recomenda-se iniciar a amamentação o mais precocemente possível e estimular o aleitamento materno exclusivo, nos casos de icterícia neonatal, mesmo durante fototerapia;
  12. O leite materno é cada vez mais reconhecido como a primeira vacina dos lactentes;
  13. O leite humano tem imenso potencial na prevenção de grande parte das doenças alérgicas;
  14. A amamentação, por pelo menos 3 meses, pode reduzir a hospitalização de crianças por doenças infecciosas, mesmo em países desenvolvidos;
  15. A amamentação é uma boa medida para reduzir a dor dos recém-nascidos, quando submetidos a procedimentos dolorosos de pequeno porte;
  16. Evidências epidemiológicas indicam que os oligossacarídeos do leite humano protegem as crianças amamentadas contra infeção do trato urinário por Escherichia coli;
  17. O uso do leite humano coletado nas unidades neonatais pode contribuir para redução dos custos, da permanência hospitalar e da incidência de enterocolite necrosante;
  18. O aleitamento materno parece ser um fator protetor contra a recorrência de crises de enxaqueca em mulheres portadoras de enxaqueca antes da gestação;
  19. Revisão sistemática conduzida pela Cochrane reforça a atual recomendação internacional de aleitamento materno exclusivo por seis meses;
  20. A amamentação por seis meses ou mais pode prevenir 14% a 19 % dos casos de leucemia infantil;
  21. Aleitamento materno é um fator de proteção contra a otite média na infância;
  22. O apoio do pediatra à mulher que amamenta é fundamental para a continuidade do aleitamento materno além de 12 meses;
  23. O aleitamento materno protege a criança contra infeções do trato respiratório superior e inferior;
  24. Crianças amamentadas apresentam menor risco de adoecer por artrite reumatoide;
  25. Crianças amamentadas apresentam melhor desempenho escolar, com efeito dose-resposta;
  26. O aleitamento materno está associado com melhor desempenho nos testes de inteligência (3.44 pontos) em crianças, adolescentes e adultos jovens;
  27. A cama compartilhada, com segurança, favorece a prática do aleitamento materno, que é protetor contra a Síndrome de Morte Súbita do Lactente;
  28. Não há diferença nos despertares noturnos ou alimentação noturna entre as crianças amamentadas ou alimentadas com fórmula;
  29. Crianças amamentadas tem risco 35% menor de ter diabetes tipo 2 e 13% menor de ter sobrepeso/obesidade;
  30. A terapia medicamentosa materna é, na grande maioria das vezes, compatível com a amamentação. Por outro lado, os riscos da alimentação do lactente com fórmulas infantis são significativos e não devem ser banalizados;
  31. A presença dos pais nas UTI neonatais e o envolvimento no cuidado dos seus filhos prematuros apresenta impacto positivo na amamentação. 

Aleitamento e covid 

Evidências científicas publicadas, até o momento, na literatura médica – e corroboradas pelo Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – demonstram que não há risco de transmissão vertical do SARS-CoV-2 pelo leite materno.  

Ou seja, não há razão para evitar ou interromper a amamentação, inclusive, o contato pele a pele pode e deve ser mantido. Lembrando que existe apenas a recomendação de adiar esse momento para que antes sejam tomados os cuidados preventivos recomendados em documentos da SBP e do Ministério da Saúde. 

As revisões de estudos científicos feitas pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG) recomendam que a mãe que deseja amamentar tome cuidados especiais no momento da mamada. Dentre eles está lavar as mãos antes e depois de tocar o bebê e usar máscara facial. As orientações também ressaltam que, se a mãe não se sentir segura em amamentar o bebê, o leite pode ser ordenhado manualmente ou com bombas extratoras. Em ambos os casos com higiene adequada, sendo em seguida oferecido ao lactente por um cuidador assintomático, com a ajuda de colheres ou copos.

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